quarta-feira, 29 de julho de 2015

Empresários investem milhões de reais em novos cantores sertanejos


O investimento médio em um cantor que está começando é de R$ 3 milhões.
Grandes nomes do sertanejo ganham até R$ 500 mil em um único show.


Goiânia – GO
Goiânia é a capital da música sertaneja. Nos bares, as apresentações são coisa séria. A dupla Ivan & Alexandre se apresenta toda semana no mesmo bar. Eles se conheceram no Mato Grosso e hoje moram em Goiânia. “Artistas do Brasil inteiro mudam para cá pra tentar a vida aqui. Eles vêm no bar pedir pra cantar”, conta Bruno César, dono do bar.
Aos 11 anos, Rogerinho Costa é um dos que buscam a fama na capital do sertanejo. O menino está gravando seu primeiro álbum, quase todo de música romântica. “Música apaixonada é o que cola”, diz o garoto.
Mesmo com a alta concorrência, ainda tem cantor sertanejo chegando. Jefferson Moraes chegou já contratado pelo maior escritório artístico do Brasil. Ele é de Londrina, no Paraná, e foi para Goiânia tentar o sucesso no mundo sertanejo. “Goiânia é a capital do sertanejo, não tem outra, não. Já que todo mundo vem pra cá e dá certo, vamos tentar”.
Em setembro, Jefferson vai cantar no maior festival de música sertaneja do Brasil, produzido pelo mesmo escritório que está investindo na carreira dele. Até lá, os melhores profissionais de Goiânia vão transformar a imagem do Jefferson em pop star.
O investimento médio em um cantor que está começando é de R$ 3 milhões e o retorno é rápido. Dentro de um ano, o artista já está no lucro.
Aparecida – SP
Alessandro Campos é o novo fenômeno da música sertaneja. Além de cantor, ele é apresentador de TV e padre. Gente do Brasil inteiro chega a Aparecida para assistir seu programa, mas nem todos conseguem entrar. Os ingressos esgotam um mês antes.
O auditório, com capacidade para 640 pessoas, está lotado de fãs do padre. No programa, o padre canta, recebe outros artistas, faz o sermão e propagandas.  Padre Alessandro também trabalha em um novo DVD.
O cantor foi convidado pela prefeitura de Campos, no Rio de Janeiro, para encerrar a festa da padroeira da cidade. O produtor do show releva cachê: R$ 90 mil. Grandes nomes como Daniel e Chitãozinho e Chororó ganham entre R$ 180 mil e R$ 250 mil por apresentação.
O padre foi criado pela avó em Mogi das Cruzes, entrou no seminário aos 13 anos e se ordenou na Arquidiocese da Academia Militar de Agulhas Negras. Ele diz que leva uma vida normal, mas sem relacionamentos amorosos. “Desde quando você se propõe a ser padre, você já tem em mente que não vai casar, não vai ter família, não vai ter filhos. Nunca tive nenhum tipo de conflito com relação a isso, porque aos 7 anos de idade, criança, quando eu quis se padre, já me falaram ‘você não vai poder casar, não vai poder ter mulher, não vai poder ter filho’, mas eu queria ser padre. Isso é o que importa”, conta Alessandro.
Alessandro Campos é hoje quem mais vende CD no Brasil e um dos 50 no mundo. Parte do dinheiro que recebe com a venda de álbuns e shows vai para a igreja de Santa Rita de Cássia, em Mogi das Cruzes. Antes da reforma paga pelo padre, era apenas uma capela. Quando as obras forem concluídas, a igreja terá 600 lugares.
 
São Paulo – SP
Em São Paulo, uma das casas sertanejas mais famosas do país faz uma seleção para escolher novos cantores. Produtores musicais selecionam os novos artistas da casa e garante que aquele palco é uma passagem para o sucesso.
Na porta da balada, a fila dobra o quarteirão. Os ingressos esgotaram três dias antes do evento, que tem shows de Thaeme e Thiago e Lucas Lucco. Quarenta por cento do valor arrecadado com os shows fica para a casa, os outros 60% vão para o escritório de Fernando & Sorocaba. “Nosso escritório é como se fosse uma grande cooperativa de artistas, onde a gente compartilha coisas, desde um estúdio, a estrutura do escritório, uma equipe de marketing, assessoria de imprensa, uma equipe que cuida de digital, uma equipe que cuida de rádios”, explica Sorocaba.
Os negócios da dupla empregam 230 pessoas, sendo 50 no escritório de São Paulo. A equipe acompanha o desenvolvimento de cada artista. “Na porta do entretenimento de qualidade a crise não bateu. Depois da ascensão da classe média, esse povo começou a consumir música de qualidade também. Com patrocinador ficou mais difícil, para apoiar um evento, uma festa do peão, uma exposição agropecuária, mas quem está sabendo trabalhar certinho está conseguindo seu espaço ao sol. Está conseguindo se manter legal”, acredita Sorocaba.
G1

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